Podemos nos deparar com histórias bizarras e estranhas mundo a fora.
No último post, descobrimos que fantasmas existem, são assustadores e amaldiçoam a quem eles não gostam.
Na história de hoje veremos o que uma mistura de investigação em cidadãos russos, somado com a crise nuclear podem fazer com a cabeça de um agente da CIA, na visão de sua filha.
Abrigo
975
30 de
outubro de 1962.
Nosso
futuro – símbolo nuclear
Por
Dubiousdugong, 3 de abril de 2003.
Estive
presa aqui em baixo por dias.
Sem
comida, sem água. Meus pais estão mortos. Não sei que tipo de pandemônio e
pragas horríveis estão acontecendo no mundo lá em cima. Nunca saberei. Estou
escrevendo isso sob uma lâmpada que está queimando. Assim que esse bulbo de luz
incandescente se extinguir, ficarei só.
Serei
deixado para morrer sozinha.
Deixe
que eu me apresente. Meu nome é Natalia Flemingbrook, tenho 14 anos de idade. Meu
pai era um agente americano da CIA e minha mãe era uma imigrante fugindo da
USSR. Ele conheceu ela numa missão disfarçado. Ela era uma mulher simples, desejando
que ela pudesse escapar da Cortina de Ferro. Ele coneguiu ajudá-la e a trouxe
para os Estados Unidos disfarçada. Nós vivíamos como uma família pacifica, mas
só por um tempo.
Assim
que a tensão entre a América e a terra natal começaram a crescer, minha mãe
passou por uma investigação. Russos assim como ela – cidadão ou não – estavam
sendo investigados sobre a pressuposição de serem “espiões”. As coisas ficaram
piores para minha família. A carreira do papai estava comprometida, pois para a
CIA, ele estava literalmente dormindo com o inimigo.
Recentemente,
Cuba esteve apontando seus mísseis para as terras americanas. As tensões
estavam no limite. Nossa cidade chegou a ter uma broca que cavava lugares para
se proteger da radiação. Numa dessas escavações diárias, meu pai pegou umas
malas prontas e mandou que fugíssemos com ele. Ele não acreditava que era uma
simples broca. Nem a mamãe e nem eu acreditávamos.
Ele
pensou que era o fim.
Meu pai
nos levou até um dos muitos abrigos nucleares do governo. Ele recebeu a
combinação desse abrigo em particular. Esse abrigo era grande, mais ou menos do
tamanho de uma sala normal com uma cozinha junto. Ainda lembro seu nome. Estava
escrito no lado de fora da porta.
Abrigo
975.
Tudo
dentro daquela “casa” parecia quase novo. Não tinham mexido em nada. Lampadas
soltas produziam luz o suficiente para quartos apertados. Latas de comida não
perecível ocupavam as prateleiras, enquanto geradores, gasolina e lâmpadas de
luz ultravioleta cobriam as paredes. Uma TV no canto da sala, mostrava em loop
um filme sobre abrigos nucleares. Sem precisar dizer nada, meu pai pegou o
endereço de um lugar que pudesse suprir nossas necessidades (ou algum lugar que
supostamente pudesse fazer isso, pelo menos).
Bem no
momento que amos para a porta, meu pai trancou a porta que estava voltada para
o extremo oposto. Tinham três portas, a primeira (que ele fechou), a segunda e
a terceira. Por que uma terceira? Era um último recurso. Apenas no caso de a
vida biológica fosse erradicada totalmente pela radiação, deveríamos
hermeticamente sela-lá. Mas, eu realmente não vi propósito para essa terceira
porta.
Se a
vida estivesse tão mal assim, nós realmente íamos querer viver pra ver isso?
Essa e
muitas outras perguntas passavam pela minha cabeça, enquanto explorava o novo
ambiente que íamos ficar. Minha mãe estava muito ansiosa para sair daqui. Ela
antecipou que ficaríamos por lá apenas por dois, no máximo três dias. Mamãe
perguntava ao papai o quanto tempo nós ficaríamos por lá, mesmo assim ele
sempre manteve postura sobre o assunto todo. Ele continuava repetindo muitas
vezes que não podia revelar os detalhes por “motivos de segurança”.
Quando
todos tínhamos nos acomodado, papai usou o telefone de dentro do abrigo para
ligar a uns oficiais do governo. Ele perguntou sobre o estado do mundo ao lado
de fora. As perguntas que ele fez eram bem aguçadas e especificas. Supus que
elas eram importantes. Como se o buraco fosse algo a mais que rotina. Como se
tivesse ocorrido um incidente nuclear, para começar.
Ou se
essa “viagem” fosse apenas resultado de pura paranoia.
Assim
que ele desligou o telefone, foi nos ajudar a abrir e tirar as coisas de dentro
das malas. Estas que ele nos fez trazer estavam cheias de itens para o
banheiro. Sabonetes, pastas de dente, e escovas de dente, e até itens para
escovar o cabelo estavam todos ordenados em compartimentos organizadores. Mamãe
e eu ficamos preocupados com isso, ela mais que eu. A forma meticulosa que o
meu pai guardou esses itens sugeria que ele planejava uma estadia de longo
prazo. Minha mãe perguntou preocupada quando que sairíamos de lá. Ele respondeu
secamente a ela que iamos ficar lá pela noite. Ela permaneceu calma. Uma noite naquilo
e estaríamos de volta em casa. Esse era o plano e foi isso que pensamos.
Feijões
e água satisfizeram a janta. Mamãe e papai ficaram praticamente quietos o tempo
todo. Minha mãe estavam maluca de preocupação e meu pai estava simplesmente
maluco. Telefonemas estavam ficando cada vez pior. O governo tinha dado a ele a
liberação para voltar a um bom tempo, mas ele não queria consentir. Ele
continuava dizendo que “não era seguro”. Mamãe descobriu a verdadeira razão da
atitude irracional e série de decisões, o estado de cidadã dela. Eu tinha
suspeitado principalmente disso, mas papai comprovava minhas suspeitas a cada
coisa que ele dizia e fazia. Nosso abrigo ganhou uma sentimento fraco de lar
pela hora de irmos dormir. Mamãe e eu jogamos cartas e escutamos o rádio
enquanto papai, bem nervoso, registrava rapidamente algumas notas em seu
caderno do governo. Era mais ou menos 11 da noite quando fomos nos deitar.
Conforme eu me rastejava debaixo dos meus lencóis e dava um beijo de boa noite
em minha mãe, pensei sobre a situação atual. Estava preocupada com meu pai. Ele
ia ficar bem? Ele ia continuar sendo o mesmo depois disso? Uma pergunta
incômoda, bem mais preocupante, persistia dentro da minha mente.
Nós íamos mesmo sair de lá depois disso?
Uma
pancada muito alta me pôs acordada num instante. Olhei para meu relógio
analógico. Eram 3 da manhã. Da outra sala, papai estava jogando coisas e
gritando devaneios sem sentido. Não ouvi mamãe em nenhum momento. Prossegui com
cuidado conforme abria a porta. Caos subterrâneo foi o que vi. Toda nossa
comida estava jogada no chão e misturada com uma grande quantidade de gasolina.
A mistura resultante era bem tóxica. Seu cheiro fétido impregnou minha
respiração. A televisão que antes mostrava aqueles vídeos agora não mostrava
nada além de estática.
Nada
disso se comparava com a pior visão de todas.
Meu pai
segurava uma pistola contra a cabeça da mamãe. Ele olhava para baixo como um
maníaco. Ele gargalhou enquanto puxava o gatilho. O cérebro dela se espalhou pela parede, o que
sobrou caia devagar sobre o chão de concreto frio. Estava indescritivelmente
paralisada com medo. Voltando para o canto com medo, assisti enquanto meu pai
escrevia aos poucos uma mensagem com sangue. Quando terminou, estava escrito:
ELES
ESQUECERAM DA GENTE
Depois
que meu pai concluiu isso, ele atirou em si próprio. Ele firmou a arma o máximo
possível dentro de sua boca, assim as fagulhas não iriam iniciar um incêndio no
lugar todo. Corri para a porta de saída para encontrar outra visão horrível. A
alavanca emergencial que abriria a porta estava danificada de uma forma que
ficou irreparável. A terceira porta também tinha sido fechada para sempre.
Naquele momento, notei que estava tudo acabado.
Estava
presa para sempre dentro do abrigo.
Estática
explodiu de dentro de um rádio de comunicação. Não sabia que ele existia. Corri
rapidamente para ele, encontrando a peça do bocal com seus fios soltos do resto
do receptor. Ajustei o botão que girava até ouvir as vozes de dois homens que
falavam.
“Dardo
3, alguma resposta do agente Flemingbrook?”
“Negativo,
Águia Mãe.”
“Ele
estará por perto cedo ou tarde. As conversas acabaram e tenho certeza que ele
saiu de lá. Limpe a entrada da 975. Não precisaremos desses abrigos tão cedo.”
Meu
coração foi a pique. E toda esperança que eu tinha morreu no momento.
Refletindo sobre o assunto, lá fora provavelmente não está infernal nem nada
assim. Provavelmente está tudo bem. Ainda assim, aqui estou sentada, destinada
a morrer. E vocês sabem qual a parte triste?
Eles não
esconderam nossas existências, eles não precisaram.
Eles não
nos abandonaram. Eles não desistiram da gente.
Eles
simplesmente esqueceram da gente.
Fonte: Creepypasta Wiki.
Espalhem o medo!
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