segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Histórias Estranhas #24: A Queda de Alexia parte 1

Podemos nos deparar com histórias bizarras e estranhas mundo a fora.
No último post, vimos uma explicação de o que faz com que as pessoas agirem muito diferente de si.
Na história de hoje, teremos a primeira parte da história de uma tropa que foi resgatar uma nave que estava vagando no espaço...

A Queda de Alexia Parte 1

“Os vetores mais próximos estão travados, estamos prontos pra arrebentar, Capitã.”
“Certo Brakes**Freios**, leve-nos lá para dentro, vamos ver com o que estamos lidando.”
“Com prazer, senhora.”
O choque repentino dos propulsores recuando sempre fizeram Sinclair ficar meio tonta, na verdade ela nunca gostou de viagem no espaço, mas a carreira era tradição de família, tanto sua mãe e pai serviram a Armada Imperial Terran e seus avós também serviram antes deles.
Eles nunca a perdoariam se ela se recusasse a participar.
“5000 metros.”
“Certo, meninos e meninas, vocês sabem aonde ir, prendam-se nas cintas de segurança.”
Após a ordem de sua capitã, a pequena equipe do TIS (Terran Imperial Ship**Nave Imperial Terran**) “Spitfire” foram aleatoriamente e meio desconfortáveis para seus acentos e colocaram seus cintos de segurança, acoplar era uma experiencia desprazerosa e insegura numa nave tão velha quanto a Spitfire.
“4000 metros.”
“Relatório, Gizmo.”
“Todos os sistemas estão bem, capitã.”
“3000 metros.”
“Brakes, está ficando muito quente.”
“Estou no topo disso, Pinball, 2000 metros.”
“Brakes, diminua a nossa velocidade... Tony! Diminua a porra da velocidade, agora!”
“Como você quiser, senhora, revertendo os propusolres de manobra... 1000 metros.”
...
...
“500 metros.”
“Ligue as braçadeiras acopladas, preparem-se para o impacto...”
Acoplar sempre foi difícil, a Spitfire foi adaptada com braçadeiras acopláveis e um “cordão umbilical”, e foi convertido em uma nave de operações de busca e de resgate após ter ficado obsoleta para batalhas e patrulhar.
“200 metros.”
Alguns segundos depois veio a sacudida das braçadeiras se conectando, junto do baque alto do engatilhamento no casco.
“bom trabalho pessoal.”
“Nós podemos descobrir o que diabos estamos fazendo aqui no fim do nada, Capitã.”
“É, vamos Capitã, essas jornadas levam seis meses, mesmo com o lançador, vamos apen...”
“Já chega! Agora me escutem, essa é uma operação de busca e resgate, mais ou menos um ano atrás perdemos contato com a TIS Alexia, como vocês provavelmente sabem essa é a maior, mais rápida e a melhor nave que já mandamos, ela foi além, mais rápido que qualquer outra nave da frota, então, estamos aqui para descobrir o que aconteceu com ela.”
“E por que a gente não podia saber disso antes de chegar aqui?”
“Porque eu fui incubida de manter nosso objetivo em segredo até chegarmos aqui, e isso é tudo.”

“Certo, calem a boca, Holy Man**Homem Santo**, Sister**Irmã ou Mana**, Pinball, vocês vem comigo, Gizmo, Brakes, quero que vocês peguem as suas porcarias, vamos precisar de vocês, não sabemos em que condição a nave vai estar, Ronin**ou é Ninja Errante ou Estudante que Repetiu e vai continuar tentando**, No-Mates**Sem Amigos**, vocês protegem as portas, ninguém deve entrar na Spitfire, todos tem suas ordens, mecham-se pessoal.”

Era óbvio, à partir do momento que eles viram o portão de ancoragem, que a nave estava funcionando com energia auxiliar.
“Gizmo, o portão está sem energia, você pode abri-lo de dentro da Spitfire?”
“Já estou fazendo isso, senhora.”
Sinclair era próxima de sua equipe, em meio a apelidos, mesmo fora dos serviços, acabavam substituindo “Capitã” por outro apelido. Não era surpreendente, dado o fato de que eles passavam meses, até anos juntos em condições limitadas da pequena nave.
Por mais que a humanidade tentasse, e ainda estava tentando, ainda não conseguimos quebrar a FTL**Faster Than Light, no caso acho que seria se manter em velocidade da luz numa viagem intergalática**, chegamos muito perto, mas ainda leva 6 semanas para chegar na colônia em Marte vindo da Terra.
A Europa Science Station**Estação Científica Europa** era o último posto avançado humano, o Empire**Empério** estava tentando montar uma estação no extremo do sistema solar, como posto de defesa avançada e R&R**Remove and Replace, uma espécie de lugar para desenvolver e fazer upgrades** para tarefas pessoais e de longa duração(geralmente naves patrulha) envolta das extremidades do sistema, o Empério estava realmente paranóico apesar de nenhum extraterrestre ter sido encontrado.
As grandes portas do portão de ancoragem se abriram, com luzes de aviso e pequenos neons piscantes no painel de controle ao lado.
“Era isso, Capitã?”
“Era isso sim, senhor Gizmo.”
Após apertar alguns botões as grandes portas se abriram completamente. O choque da atmosfera entrando e comprimindo a conexão umbilical das duas naves, quase empurrou os quatro de volta para a Spitfire.
Com apenas alguns gestos de mão da capitã, os dois oficiais de segurança, Sister e Pinball, posicionaram-se um de cada lado da porta de segurança, pistolas XV-22 apontada para as direções, verificando os corredores tranversais que estavam perto da entrada.
“Sister, o que você vê?”
Sister olhou para o pequeno painel de sua roupa de contenção, medindo a atmosfera e avaliando o estado da nave.
“A energia principal acabou Capitã, mas o suporte de vida ainda está funcionando, está no mínimo, tem ar bom, velho, mas está bom, a gravidade está um pouco abaixo do normal, 0.9 g, não deve ser um problema.”
“Holy Man?”
“Será difícil achar sobreviventes Capitã, mas é possivel.”
Holy Man era o médico oficial, um católico fervoroso, meio fanático, mas era um homem de bem.
“Alguma ponte de comando?”
“Dois lances pra cima Capitã, elevadores não estão funcionando, então teremos que ir pelas escadas.”
“Ótimo, qual o caminho?”
A voz de Gizmo veio pelo comunicador. “Lado esquerdo capitã, fim do corredor.”
“Certo, Pinball você está protno, pode entrar.”
A nave estava uma bagunça, sinais óbvios de tiros de pequenas armas, danos causados por explosões, mesmo assim nenhum corpo. O som de seus póprios passos naquela nave que parecia estar vazia ecoava em todos os cantos escuros, o pequeno faixo de luz gerado de seus capacetes e armas só iluminava pequenas partes do corredor que aumentava o desconforto.
“Nada.”
Pinball estava obviamente nervoso, ele era um homem inabalável, vê-lo nervoso era perturbador para os outros.
“Gizmo, Brakes, vocês estão prontos? Vamos precisar de habilidades de engenheiros aqui embaixo.”
“Quase prontos, senhora, só estamos pegando o último dos nossos aparelhos.”
“Certo, Ronin, No-Mates, fechem a Spitfire e escoltem eles para a ponte, nós veremos o que conseguimos fazer enquanto isso.”
“Sim, senhora.” Veio a resposta pelo comunicador.
A escadaria para as plataformas superiores eram uma visão perturbadora, foi bloqueada as pressas, apesar de não haver sinais de que a barricada fora atacada, tinha traços de sangue que tinham vazado vindo do outro lado e que a um bom tempo tinham virado marcas secas.
“Possivelmente acidentes.” Sinclair disse para o resto da equipe.
...
A falta de respostas era estranha.
“No-Mates, relatório.” ... “Relatório!”
“Gizmo? ... Brakes? ... Ronin?”
No momento que Sinclair terminava de dizer a última sílaba uma grande explosão balançou a nave, derrubando eles, só o Pinball (sendo um homem muito forte) permaneceu de pé, apesar de ter encostado na parede, então veio a descompressão e o peso da situação acertou-os.
Por sorte as botas magnéticas automaticamente se prenderam e firmaram-se no chão. Eles ouviram o barulho, um rangido das portas de segurança danificada se fachando e então um “clang”**onomatopéia** delas se fachando magnéticamente.
“Ronin! Gizmo! Vamos pessoal, digam-me o que foi essa merda que acaba de acontecer?”
O comunicador ficou estalando por um tempo, parecia sem vida, por alguns segundos, então eles ouviram, a voz dolorida e rouca de Ronin veio do comunicador.
“Sinclair... Beth eu... Ainda estou... Aqui...”
“Ayumi! Aonde você está?” No choque da situação eles voltaram a falar os nomes.
“Eu estou... Ugh...”
“Fale comigo, Ayumi.”
“Sim, eu tô... Perto das portas de segurança, os outros estavam...”
...
“Estavam...? Estavam o que?”
“Ainda na ponte “umbilical” capitã, eles se foram.”
Sinclair ficou quieta por alguns segundos.
“Nós devemos voltar pra ela, Capitã.”
“Não precisamos Sister, Já estou indo para perto de você.”
Passou mais ou menos um minuto até Ronin estar com eles, ela estava mancando um pouco, mas insistiu em dizer que estava bem.
“Que droga aconteceu lá, Ronin?”
“Eu não sei, senhora, eu estava vigiando o corredor esperando pelos outros que vinham com a caixa grande de ferramentas que eles sempre carregam, então...”
“Então o que? Por Deus, Ronin o que aconteceu?”
“Bom... Capitã, pensei ter visto algo passar por mim, mas... Não tinha nada lá, então a Spitfire simplesmente...”
...
“A Spitfire já era...” Um sussuro inacreditável veio tando da Sister quanto do Pinball.
“Puta que pariu... Certo pessoal, nós temos que correr, vamos lamentar depois, agora temos que fazer a nave funcionar, é o nosso único jeito de chegar em casa agora...”
Ordenando que Sister e Ronin ficarem de guarda, Pinbal, Holy Man e Sinclair começaram a derrubar a barricada que levava a ponte de comando, seus pequenos fachos de luz não fazendo nada para aliviar a tensão na nave abandonada.
“Que porra aconteceu com a Spitfire?”
Ninguém respondeu a pergunta de Holy Man e continuaram a derrubar. Sinclair tinha uma terrivel sensação de que algo estava olhando pra ela, mas ela não queria preocupar os outros mais do que els já estavam, então ela permaneceu em silêncio.
Conforme a barricada caia eles esperavam corpos, mas não tinha nada, nenhum cadaver, só algumas tubulações quebradas, capsulas, e manchas marrom/vermelho secas, algumas no chão, outras esparramadas na parede, seja lá o que aconteceu lá, foi inacreditavelmente brutal.
“Mas, que porra aconteceu nessa nave?” Sister estava ficando histérica e já estava fora de si, ela era uma mercenária madura, no começo de seus 40 anos, com muita experiência em suas mãos.
“Acalme-se, Sister.”
“Me acalmar? Que porra você quer dizer com me acalma...”
A fala dela foi cortada pela palma da mão de Sinclair, que tampou sua boca, Sister apenas encarou-a por alguns segundos, então deu um passo para trás, respirou fundo e consentiu com a cabeça para sua capitã.
“Certo, vamos continuar pessoal.”
“Eu irei primeiro!” Houve um alívio perceptível quando eles ouviram Pinball dizer essas 3 palavras. O resto da nave não estava num estado melhor, tendo que derrubar mais duas barricadas a caminho da ponte de comando, mais marcas velhas de sangue, uma que cobria uma parede inteira, até aonde suas pequenas lanternas alcançavam, mas até o momento nenhum corpo, agora parecia óbvio para eles que não havia nenhum sobrevivente naquela nave maldita.
Finalmente chegando as portas de segurança que levavam pra ponte de comando, eles a encontraram seladas, isso significava próvaveis sobreviventes.
“Abra essa porta”
“Sim senhora, mas sem o Gizmo e o Brakes isso pode levar um tempo.”
“Certo, você sabe o que fazer, Sister, Pinball, posicionem-se ali e ali.” Apontou para as duas melhores posições defensivas no topo da escadaria.
“Ronin, arma apontada para aquela porta, nós não sabemos o que nos espera lá.”
“Holy Man, começe por aquelas portas.”
Por minutos que não pareciam acabar eles esperaram, os dois defensores quase sem se mover, olhando para o pequeno espaço iluminado por suas lanternas, ninguém falava, eles quase não se atreviam a respirar, Sinclair podia ver Ronin olhando sobre seus ombros para a escadaria a cada poucos segundos.
“Ronin, as portas...”
“Sim senhora, desculpe senhora.”
O som repentino de portas estremecendo fez com que todos eles dessem um pulo, um pequeno porém horrível gritinho de menininha escapou dos lábios de Sinclair, a constrangendo muito, ninguém disse nada mas, dava para ver que ela viu que Holy Man estava com um pequeno sorriso irônico estampado no rosto.
“Você fez isso de propósito seu filho da puta!”
“Não.”
“Não me venha com “não”, seu...” Sinclair interrompeu a própria fala e deu um leve suspiro, voltando a sua mente militar.
O alto barulho vindo das portas se retraindo por completo para dentro da parede fez um eco metálico que pareceu tremer toda a nave, pareceu que se algo estivesse na nave, agora sabia que eles estavam lá.
“Capitã...” Um sussurro suave veio dos lábios da Ronin.
“O que...”
Sinclair olhou para a soldado mais jovem, ela estava olhando, olhos bem abertos olhando para a porta.
Os olhos de Sinclair seguiram lentamente aonde Ronin olhava dentro da ponte de comando.
 “Puta merda!”
...



Espalhem o medo!

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