sexta-feira, 27 de junho de 2014

Histórias Estranhas #16: Cântico da Escuridão

Podemos nos deparar com histórias bizarras e estranhas mundo a fora.
Não darei uma mini-prévia dessa história, ela é boa, mas a pessoa que a escreveu não soube por um título nela que concatenasse com a história em si...

Cântico das Trevas

Recentemente, minha família se mudou para a cidade de Belleville, Illinois. Tinha uma escola lá, Beleville East High School, que eu começei a frequentar. Tudo estava bem normal. Fiz alguns novos amigos na escola, mas a amiga mais próxima até o dado momento era Elizabeth, ou Liz para encurtar. Nós custumavamos sair depois das aulas, rindo das nossas piadas ou assistiamos televisão.
Tinhamos muito em interesses em comum, incluindo livros, video games e programas de TV. Bem, uma vez, eu viajei pra Florida com a minha família. Foi lá que eu vivi antes de nos mudarmos para Belleville. Visitamos alguns familiares por lá, e nos divertimos muito na praia e em alguns parques de diversão. Tinham muitas lojas de penhores e vendas de garagem, que nós também visitamos. Quando voltamos para casa depois de uma semana, olhei dentro da minha mala e encontrei uma fita de VHS qe eu não me lembrava de ter. Peguei ela e vi que meu nome estava escrito com um tipo de caneta. “John”. Isso foi meio estranho, pensei. Achei que tinha sido colocado lá por algum amigo, ou algum método obscuro de propaganda de alguém que escutou meus pais dizendo meu nome. Curioso, fui até o sotão aonde guardávamos o velho vídeo cassette. Levei o VCR para o meu quarto e conectei ele na minha TV. Inseri a fita nele cuidadosamente e apertei o play.
No início, nada aconteceu. Me senti meio desanimado, pois estava realmente sobre o conteúdo da fita. Depois de uns minutos tirando a fita e colocando ela de novo, a tela ficou com estática. O som estava muito alto e me assustou, então eu protegi minhas orelhas. A estática ficou muda depois de alguns segundos e eu abaixei minhas mãos até meu colo, olhando para a tela atentamente. A tela mostrava uma mulher, sentada numa espécie de cadeira de balanço sorrindo. Ela sorriu para a camera por uns 15 segundos antes da imagem ir se apagando, os cantos da boca dela baixando de repente e seus olhos encheram-se de pavor. O olhar dela bastante monótono penetrando nos meus pensamentos, me deixando nervoso. A cabeça dela inclinou levemente para a esquerda e seu rosto dando indícios de melancolia.
“S-sinto muito. Eu sinto muito mesmo.” Ela disse enquanto lágrimas escorriam por seu rosto. Me senti mal por ela, apesar de não saber porque. “Harold, eu espero que você possa me perdoar.” Ela alcançou a câmera e o visor se moveu lentamente até mostrar uma criatura, aonde permaneceu por um tempo. A criatura me assustou de imediato. Tinha grandes olhos negros, uma boca perfeitamente redonda e com dentes pontiagudos todos apontando para o centro. Seus braços eram compridos, como galhos de árvore. Na pele, tinham vários pontos aonde faltavam pelos. O corpo daquela coisa pareceu tranmitir uma emoção de raiva conforme suas costas se arqueavam e aquilo olhava através da camera. A mulher voltou a falar, “Não, eu fiz como você queria que fosse feito! Não! Você não pode!” A coisa começou a andar – Não gosto de dizer que aquilo era andar. Estava mais para uma coxeada de algum tipo – em direção da câmera, e passou por ela. O que podia ser visto agora era a parede, mais nada e o que dava para ouvir eram os gritos agudos de terror da mulher. A câmera pareceu cair de seu tripé e um borrão seguido de um corpo de um homem que apareceu na tela.
Os gritos da minha mãe vindo do andar de baixo foi o que me tirou de meu interesse quase hipnótico pela televisão. Eu tirei a fita e enfiei-a na minha mala. Rapidamente desci as escadas e fui de encontro a ela. “A Liz está no telefone!” Liz! Quase tinha me esquecido dela... Tenho que contar a ela sobre o que aconteceu. Peguei o telefone. “Alô? J-John?...” Ela parecia estar chorando. “O que? O que aconteceu?” “Eu acabei de voltar pra casa, da casa da Anna e... Minha mãe e meu pai estão no chão... E... Eu não sei o que aconteceu.” Ela começou a soluçar. “Espere um pouco, estarei aí em um minuto.” Quando cheguei na casa dela, percebi que Anna estava lá (outra amiga da Liz) e alguns carros de polícia e ambulâncias estavam estacionados bem em frente. Duas pessoas estavam sendo carregadas para as ambulâncias. Perguntei a ela o que tinha acontecido, ela me contou que quando chegou em casa, viu seu pai no chão assim como sua mãe que estava toda ensanguentada e tinha alguns tipos de marcas nela. Tive uma sensação esmagadora de terror, agarrei a mão dela. “Você precisa vir a minha casa, agora!” “O-o que?” “Só confie em mim.” Nós voltamos para a nossa casa, mostrei a ela a fita. Ela começou a soluçar e esplicou que as pessoas no vídeo, de fato, eram seus pais. “Eu não... Não sei... Como isso é possível? Que coisa era aquela?” Ela me perguntou em meio a soluços. Respondi. “Eu não sei... Me desculpe.” Estava prestes a tirar a fita para fora quando eu ouvi um barulho de chiar e senti um objeto pontigudo acertar a parte de trás da minha cabeça.
Acordei na minha sala de geometria da escola. Minha cabeça estava latejando de dor conforme eu olhava para a janela. Estava completamente escuro, esceto por algumas luzes que estavam acesas em uma das casas em frente a escola. Um pensamento veio a minha cabeça “Eu tenho que achar a Liz.” Olhei em volta, procurando a porta. Tentei abrí-la, mas estava trancada e eu não estava a fim de pular pela janela, pois aí sim eu não poderia encontrar a Liz. Olhei dentro da mesa do professor para tentar achar uma chave, mas estava vazia. Notei que tinha uma abertura para ventilação sobre a lousa. Fui até o armário e encontrei uma tesoura, uma chave de fenda e algumas réguas de metal. Usei a chave de fenda para tirar a grade que cobria a abertura e eu guardei a tesoura para ter um meio de proteção.
Estava engatinhando pelos tubos de ventilação. O barulho das minhas mãos e joelhos pareciam repercurtir num eco que mais parecia um rugido. Conforme engatinhava, percebi outra grde metal, destaa vez embaixo de mim. Tentei passar cuidadosamente por ela, mas aquilo não estava totalmente segura. Caí em um dos banheiros, a grade de metal fazendo um barulhão contra o chão lavrado. Me encolhi e sente, com dores abaixo da pelvis. Andei com uma certa dificuldade e cheguei a porta do banheiro que estava aberta. Começei a andar pelo corredor escuro.
Enquanto andava, tentava achar uma saída, escutei um leve chiar atrás de mim. Congelei na hora e lentamente me virei, mas o fim do corredor estava escuro e eu não conseguia ver nada além de uma fraca iluminação que vinha de uma janela. Me virei novamente e começei a andar em direção ao fim do corredor. Escutei o chiar novamente, seguido por um leve assobio. Assustado, comecei a apertar o passo. O chiar começou a ficar mais alto e podia sentir uma respiração quente no meu pescoço. Totalmente perturbado, começei a correr, o som de chiar me seguiu o tempo todo. Cheguei ao fim do corredor e me virei. Vi a criatura do vídeo, com seus grandes olhos, dentes afiados e braços compridos. Notei alguns detalhes a mais, como as facas afiadas presas em seus “dedos” que faziam o chiar quando eles tocavam o chão. Eu sabia que já estava praticamente morto nesse ponto.
De repente, Liz veio correndo de outro corredor e gritou “John!” A coisa se virou e correu na direção dela. Eu estava petrificado e em choque, não consegui reagir. Olhei para a fera, que começou a mastigar as pernas e os braços da Liz, abrindo facilmente sua barriga com seus “dedos”. Chorei. Chorei mais do que nunca. Tentei procurar um meio de fuga e percebi que tinha um extintor de incêndio. Sabia que a criatura iria me pegar se eu tentasse qualquer coisa do nada, mas eu tinha que aproveitar a chance. Quebrei o vidro que protegia o extintor de incêndio e o alarme de incêndio começou a tocar. A coisa se virou e correu na minha direção, então eu joguei o extintor de incêndio na janela mais próxima. O vidro se quebrou e eu me atirei. A última coisa que eu pensei foi a visão do corpo mutilado de Liz antes de desmaiar.
Acordei numa cama de hospital alguns dias depois. Minha mãe estava tão feliz de me ver acordado. Mas, quando perguntei a ela sobre Liz, ela desviou de meu olhar fixo. “Liz desapareceu. Eles ainda não a encontraram...” Ela disse. “Eu sei o quanto ela significava para você...”
Ainda posso ver aquela coisa do lado de fora da minha janela toda noite antes de dormir. Aquilo está a me avaliar. Sabe que eu estou sendo torturado por sua presença... Aquilo obtem prazer de minha situação... Eu sei disso. Por favor... Só quero que isso acabe. Estou com tanto medo.




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